Toda vez que faço algum comentário ou escrevo algum artigo referindo-me ao setor político, não fico realmente a vontade e, tenho certeza absoluta que os meus diletos leitores também não. Todavia, dentro dos parâmetros de responsabilidade civil que nos foi delegado pela Constituição Federal, não podemos ficar alheio ao que acontece por esse Brasil afora. Interessante que observei que se fosse dedicar a escrever sobre tais matérias teria assuntos todos os dias do ano, inclusive naqueles em os ditos cujos ficam em recesso. E, só para começar vamos comentar a reportagem do último domingo próximo passado no Fantástico, quando nos trouxeram aquelas aberrações administrativas de políticos inescrupulosos com relação ao erário público. Além dos desmandos propiciando enriquecimentos ilícitos. Vimos também estarrecidos que os mesmos satisfazem os seus egos egoísticos com obras públicas. A fim de satisfazer vaidades pessoais e ostentar sem nenhum constrangimento a impunidade que gozam abertamente, provando que suas imunidades têm couraças de tanques blindados. Entretanto, tudo isso é incompreensível para nós pobres mortais, porque, na verdade, nada vai acontecer, pois é certo que continuaram impunes. Lembrei também do caso de um político paulista muito famoso pelas suas habilidades magistrais em se esquivar da lei. E, o mais gozado é que o mesmo sempre se vangloria que jamais foi condenado pela justiça. Sem compreender a gente acaba acreditando que sim, pois o mesmo carrega dezenas de processos nas costas, sem que nenhum deles tenha sido julgado. As manobras dos advogados do dito cujo, sempre obtêm êxitos nas apelações constantes, fazendo com que a maioria das ações acabe prescrevendo. Num paradoxo incrível, sempre estamos vendo que um furto praticado por um favelado miserável, acaba invariavelmente com o dileto praticante vendo o sol nascer quadrado, numa decisão incrivelmente de rapidez e cumprimento. Também essas maquinações fogem totalmente da nossa paupérrima compreensão, desta forma, continua sendo bem mais saudável na nossa incompreensão. Recentemente, todos os meios de comunicação encheram de satisfação o povo, com a notícia de que a Lei da Ficha Limpa, já valeria para as eleições deste ano. De qualquer forma, embora o referido documento tenha somente brindado a nação com doses homeopáticas de saneamento moral e cívico, ainda assim dentro desse universo de corrupção e desmandos, representa o fato apenas uma gota d’água no oceano, é como dizem “antes pouco do que nada”. Estamos confiantes que as coisas possam de fato melhorar e, é isso que esperamos, uma vez que o ponta pé inicial foi dado. Todavia, vendo através da história é bem visível as dificuldades encontradas para sanear a Administração Pública, aliás, sem nenhuma razão aparente, a não ser que o enriquecimento sem causa possa estar atrapalhando o desempenho da máquina administrativa. No entanto, embora nos esforcemos para entender os meandros da política, assim mesmo ainda continua incompreensível para nós pobres mortais. Diante desse quadro, deve ter nos sobressaltado a todos, por ocasião da posse do Ministro da Pesca, em seu discurso lascou uma confissão inocente, porém, verdadeira quando disse alto e bom som e, que foi ouvida do Oiapoc ao Chuí, a saber: “de pesca não entendo nada, inclusive, nem minhoca sei por no anzol”. A gente fica perplexo ao saber que os cargos públicos são leiloados entre os apadrinhados dos partidos, não é, nesses casos, necessário nenhum tipo de aptidão e capacidade, basta somente ser cacique de algum partido aliado. Interessante, pois me lembrei de quando éramos crianças, as peladas de futebol a gente fazia nos quarteirões baldios e, escolhia os dois times no par ou ímpar. Depois de escolhidos a brincadeira começava, no entanto, sempre havia um garoto que podia jogar ora em um time, ora no outro, ele nunca deixava de ser escolhido. Comumente, alguém que assistia ao jogo e, vendo aquele garoto jogar, sempre perguntava, puxa aquele moleque é muito ruim de bola, porque vocês não colocam outro em seu lugar. E, a gente respondia bem baixinho para ele não escutar, olha moço, o dito moleque não pode sair, pois, a bola é dele. Infelizmente, na política, na sociedade, nos clubes, nas igrejas, no trabalho, estamos sempre a mercê dos donos da bola, o que nos coloca, às vezes, em posições antagônicas, ficando, assim, incompreensível para nós pobres mortais.