Ilusões

Segundo o dicionário, a palavra ilusão significa: engano dos sentidos ou da mente, que faz que se tome uma coisa por outra, que se interprete erroneamente um fato ou uma sensação, falsa aparência, sonho, devaneio, quimera, coisa efêmera, passageira, logro, burla, engano. Vejam, pois quantos sinônimos podem-se ter da palavra ilusão, todavia, para melhor compreensão dentro dos costumes populares, podemos dizer simplesmente e, entender que ilusão é uma situação irreal. Embora, seja um fato indiscutível que não temos condições nenhuma de viver sem ter ilusões, haja vista que ela é inerente a nossa formação genética. Uma vez que dentro de você sempre vai se formar uma situação de expectativa que lá no fundo da alma a gente torce para dar certo. É sabido também que, na maioria das vezes, quando um sonho construído com carinho e cercado de todo o cuidado do mundo se desfaz, a gente se desmorona e fica pensando como fui ingênua, crédula excessivamente, achei que ia dar certo, porém, a coisa despencou e virou nada. Outro dia, dentro desta temática li um desabafo de uma jovem que foi para lá de espetacular, tanto é verdade que até me lembro exatamente o que ela disse e, era mais ou menos assim: “Definitivamente o príncipe encantado não existe, em vista disso vivam os sapos”. E, para complementar esta amarga constatação podemos acrescentar também que por outro lado, quando da realização de núpcias, entre os nubentes há sempre a grande expectativa de que realmente um nasceu para outro. No entanto, no decorrer dos tempos, a ilusão desfalece, pois, de repente percebe-se que o outrora príncipe encantado desapareceu, ficando somente as lembranças personalizadas na figura do cavalo que restou. Todavia, independente das decepções colhidas, não há como se divorciar das ilusões, elas fazem parte da existência e, é o combustível para se levar a vida adiante. Portanto, para cada percalço vivido, mais forças devem ser exigidas, a fim de se enfrentar o turbilhão de amarguras colhidas, não tem por donde se esquivar destas ocasiões. Considerando que a ilusão em si é uma confusão dos sentidos que provoca uma distorção da percepção, na verdade, a gente imperceptivelmente caminha às vezes a vida toda de mãos dadas com ela. Consequentemente, o sentido foi totalmente alterado, de uma situação irreal para uma real, porém, esses momentos ilusórios são necessários para oxigenar a mente nas mudanças dos acontecimentos. Pois, não importa em muitas das vezes se vamos ou não nos decepcionar, existe sempre uma esperança de que os sonhos se realizem. Aliás, felizmente não temos o dom de adivinhar se vai ou não dar certo, o nosso papel é desempenhado no sentido de resultados positivos, portanto, a ilusão não nos é conhecida como tal. Muito pelo contrário, toda empreitada que participamos nos é dada à condição de acertar, caso não ocorra, só nos resta lamentar e fazer se possível da ilusão desfeita um modelo melhor de devaneios. Como a ilusão pode ter como sinônimo sonho, é possível pensar que quando se deixa à mente bailar sobre as possibilidades da vida, certamente, vamos nos compor em devaneios de difícil realização. Neste particular é certo que, quando nos enveredamos numa infeliz atitude, é porque temos o péssimo costume de sempre colocar o “carro na frente dos bois”. Daí, consequentemente, aliás, sem nenhuma dúvida é certo que daremos com “burros n’água”, isto é, nos atolaremos. Isto quer dizer que muitos, não se sabe se por falta de preparo ou, na pior das hipóteses por precipitação, sonham muito alto, além de suas precárias possibilidades. Em vista disso, certamente que, num dia ou noutro, receberão a incômoda visita da senhora ilusão. E, em assim acontecendo, haja ombro amigo disponível para chorar e lamentações para se explicar, possivelmente não haverá nada que possa se fazer a fim de conter os prantos derramados pela ilusão diluída em partículas de dor. E, neste panorama ilusório do faz de conta, merece destaque a colocação do filósofo e crítico suíço Henri Amiel, que disse com muita propriedade sobre o contexto mais amplo da ilusão, como segue: “A nossa maior ilusão é acreditar que somos o que pensamos ser”.