Não sei se propositalmente ou sem querer, a gente tem momentos de introspecção e, em vista disso, acabamos viajando lá para o fundão da alma. E, é lá que temos ás vezes, a consciência de certos mistérios, onde sorrateiramente nos escondemos com medo de revelá-los ou senti-los. Todavia, é no campo dos sentimentos que nos sentimos muito mais desprotegidos, principalmente por ocasião da ocorrência de alguma perda. Isto por que, no nosso paupérrimo subconsciente habita a falsa verdade de que somos eternos e, que jamais vamos morrer. Se, por ventura, pensássemos diferente, certamente, viveríamos melhores e, também seríamos seres melhores. Por conta disso, volta e meia, ouvimos alguém dizer que está preparado e que não tem medo de morrer, pode ser, no entanto, temos lá as nossas dúvidas. Acreditamos que muitos que estão lendo este artigo, já nesta altura podem estar dizendo, credo que assunto mais mórbido, será que não tinha coisa melhor para escrever? E, é pura verdade, considerando-se, que quanto menos ouvirmos falar sobre o dito cujo assunto, certamente, nos sentimos melhor. Logicamente, porque por mais que se fale sobre isto, mais desconsertados ficamos. Isto ocorre, devido que algumas pessoas, ao sofrer uma perda, preferem muito mais ficar remoendo aquela dor e, representando o papel de que tudo está correndo as mil maravilhas. É certo que não está tudo bem, é apenas fingimento, tanto é verdade que mais dias menos dias a coisa se aflora. E, com certeza, aquilo que estava guardado lá no fundinho do coração virá à tona e as conseqüências serão muito mais danosas. No entanto, quando se usa este artifício de camuflagem da dor, pode, e, certamente vai acontecer que a tristeza se manifestará. Ocasionando, na maioria das vezes, terríveis crises incontroláveis de depressão. Cujos efeitos acabam minando, sobremaneira, todas as atitudes racionais da pessoa, fazendo com que se torne um robô sem controle. Por outro lado, existem outras pessoas que escolhem diante de tais situações, ficar procurando por dentro, a fim de achar as causas que justifiquem a perda acontecida. Certamente, não vai encontrá-las e, conseqüentemente a busca será inútil, uma vez que para tanto, necessário se faz, vivenciar a vida em todos os seus meandros, pois, só a experiência é capaz de moldar os comportamentos. Além do mais, existem aqueles que acreditam que se tornando ocupados, podem de certa forma ludibriar a dor, distraindo o seu tempo com coisas variadas, a fim de esquecer. Não consegue isto porque tudo que se faz para fugir da realidade acaba de uma hora para outra se transformando em ilusão. Colocando-nos novamente, porém, mais sofridos, diante da vida realmente como ela é. Finalizando, de uma coisa é certa, não há possibilidade de se viver tentando se esquivar das dificuldades ou dores sem enfrentá-las de frente. Porque, tentar apenas despersonalizá-las não funciona. Pois, somente na medida em que enfrentamos os momentos amargos é que teremos forças para superá-los. Mas, assim mesmo é possível ficar resquícios da dor que fatalmente se transformarão em saudades. E, aproveitando uma das colocações imortais do saudoso dramaturgo inglês, William Shakespeare, que disse: “lamentar uma dor passada no presente é criar outra dor, é sofrer novamente”.