Decepções em cima de decepções

Gente, volta e meia, estamos levando tropeções na vida, haja vista que, às vezes, fazemos algum juízo de determinada pessoa e, não é que, de repente ela se mostra outra, totalmente, diferente. Devido a isso, é bom lembrar que antes de opinar sobre terceiros, é preciso ter muita cautela e conhecimento da referida dita pessoa. Caso, contrário, iremos continuar tropeçando sem parar e, com sério risco de se “machucar” não fisicamente e, sim interiormente. Em todos os seguimentos vemos decepções ocorrendo, tanto na família, no trabalho, nas recreações, na política, na religião, enfim, não há exceção. Uma mãe, exteriormente, sempre está do lado do filho, todavia, quantas delas choram, copiosamente, todos os dias, lembrando de que seu filho amado a decepcionou. Quanta tristeza, quanta dor, pois, no íntimo sabe ela que também fracassou, pois, a sua maior criação, sua pedra preciosa, esperança de sonho não realizado, teve seu brilho ofuscado. Quantos casamentos desmanchados, ou quando não, acabados pela convivência desastrosamente superada pela vida infeliz de uma rotina diária que, homeopaticamente engoliu o amor. Na verdade, os cônjuges que assim vivem ou viveram, veem que sua jornada juntos nada representou, apenas estavam juntos, para construírem no fim uma grande decepção. O amor não foi lapidado, continuou uma pedra bruta, a rotina sobrepujou a grandeza da união, e o matrimônio foi definhando dia a dia. N verdade, transformou-se num produto qualquer de uma prateleira, de um supermercado qualquer, de uma cidade qualquer. É oportuno citar aqui um trecho do saudoso poeta Vinicius de Morais, num livro seu, intitulado “Soneto da Fidelidade”, reforçando que, mais vale numa união, não é longevidade, mas sim, a intensidade, mestre Vinicius quis dizer que ” é preciso amar muito, o tempo é coisa secundária”. Em vista disso, quantas vezes nos vemos surpreendidos por atitudes, no mínimo incompreensíveis, de amigos queridos que sem cabimento algum nos decepcionam. E, em consequência daquela reação, passamos horas, dias a fins, para encontrar uma resposta, com certeza, não a encontraremos. Sendo que o pior de tudo é que fica dentro da gente um terrível gosto de “cabo de guarda-chuva” na boca, ao constatar que não representávamos nada para aquele suposto amigo. Considerando que já temos uma caminhada um pouco maior, em vista disso, é bastante natural que sempre nos vem à mente alguma passagem do passado. E, em vista disso, me lembrei, de uma melodia, cuja qual não me lembro quem cantava e, dizia assim: “ninguém é de ninguém, na vida tudo passa, ninguém é de ninguém até quem nos abraça. Já tive a sensação que tinha um grande amor, hoje só restou à desilusão de saber que ninguém é de ninguém”. Interessante, que nessa reunião de velhos versos de antigamente, o lamento é a tônica maior. Sendo que essa constatação de desinteresses entre as pessoas é o que machuca mais, provocando um temor inevitável, pois, tal comportamento nos coloca, inexoravelmente, no caminho da solidão e, com certeza, das decepções. No entanto, se meditarmos bem, podemos verificar que esses desenlaces não combinam nem um pouco com os designíos de Deus, Considerando que fomos criados para viver em comunidade, porém, infelizmente, a todo instante, devido à nossa estupidez estamos sempre tentando desatar essa aliança. Hoje, não se precisa ir muito longe para se notar isso, basta que liguemos a televisão ou passemos os olhos nos jornais para notar tais aberrações. Brigas, divórcios, catástrofes, estupros, assassinatos, sequestros, abandonos, misérias, corrupções, pedofilias, racismos, traições são sinais claros e evidentes de que estamos num “mato sem cachorro”, salvem-se quem puder.

Arquimedes Neves – Nei

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