Bons tempos aqueles em que havia respeito originário, ou seja, adquiria-se no berço e fim de conversa, não essa de discutir com os mais velhos, principalmente, com os pais, a coisa funcionava como um relógio suíço. E, não se tinha notícia alguma de que alguém pudesse ter ficado estressado. Quando a professora do primário chamava atenção ou mesmo dava uns puxões de orelha no aluno, ao chegar em casa a mão já sabendo do fato dava mais uns chega para lá do distinto e, nunca tivemos notícias de traumas psicológicos que pudessem dar problemas futuros na formação do menino. Hoje em dia, em qualquer lugar que se vai, se depara com um ato de falta de educação, na rua, no cinema, no teatro, nos campos esportivos, principalmente, em casa, nas escolas, não existe lugar algum onde ela não se destaque por incrível que possa parecer até na igreja você encontra pessoas mal-educadas. Acredito até que seja um mal crônico, do qual, dificilmente, vamos nos libertar, porque é muito mais fácil ser sem educação do que educado, pois o problema é estritamente estrutural, com intensa colaboração da própria sociedade. E, a título de ilustração me lembrei de uma estória, que dizia mais ou menos assim: “nos anos cinquenta um cidadão foi preso e teria que cumprir trinta anos de prisão, porém, oportunamente, quando lá estava já por vinte e cinco anos, surgiu-lhe uma chance e o mesmo conseguiu fugir. Formou-se um verdadeiro exército de agentes para capturá-lo, era questão de honra para o governo e, o fugitivo, embora, magistralmente, disfarçado foi preso dentro de um ônibus circular lotado de passageiros por um agente muito observador. Na delegacia, os repórteres e as autoridades policiais, queriam saber do agente como ele conseguiu identificar, precisamente, o fugitivo e prendê-lo sem nenhum alarde e, pacificamente, inclusive, não colocando ninguém em perigo naquela ação. O agente explicou que viu dentro do ônibus entrar uma senhora grávida e, ser gentilmente, acomodada por alguém que se levantou do lugar e cedeu-o a ela. Logo imaginou que tal gesto, era próprio de uma pessoa que estava há muito tempo fora do convívio da sociedade. Daí deduziu ser ele o fugitivo”. Através, desta hipotética estória verifica-se que a educação não é mais o espelho reluzente de uma sociedade, pois estamos vivendo na era do mais sem educação e, mais atrevido, salve-se quem puder. Todavia, como somos crentes e acreditamos na virtuosidade do ser humano, vemos ainda lá no fim do túnel uma pequena luzinha e brilhar, resta ainda um fiozinho de esperança em mudanças nos comportamentos, porém, depende única e, exclusivamente de nós, Basta que deixemos de criar “reizinhos” sem reinados e, adotemos como regra o amor exigente, para que possamos num futuro não muito distante voltarmos a sorrir pela conquista de sermos novamente um povo bem educado.
Arquimedes Neves – Nei
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