Interessante que com o passar dos tempos algumas coisas se vulgarizam, se banalizam e perdem a essência de ser. Pensando bem a palavra amigo é uma delas, haja vista que geralmente quando apresentamos alguém sempre a rotulamos com título de amigo. Quando, na verdade, a pessoa não passa apenas de um simples conhecido. Andei pensando sobre o assunto e constatei que realmente mesclou-se tanto o sentido da palavra que sua essência foi engolida pela confusão do uso. Literalmente na própria acepção da palavra todos viraram amigos, o que de certa forma fez desaparecer a figura inconfundível do verdadeiro amigo. Aquela figura prestativa, presente, preocupada com o melhor para você, onde o ombro amigo sempre está ali à disposição para os momentos difíceis. Realmente o amigo agora pode ser qualquer um, não é mais aquele suporte, pelo contrário, é agora simples sinônimo de uma tênue amizade. E, nessa divagação toda me veio à baila a importância desta figura hoje desaparecida devido manifestação confusa do verdadeiro sentimento de amizade. No entanto, a confusão ocorreu desde que em toda a apresentação normalmente ou talvez por comodidade se criou o costume de apresentar as pessoas como “este é meu amigo”. Fato este que acabou consolidando uma mistura curiosamente enganosa, deixando assim rotulado todos com a designação afetiva sem a representação verdadeira. Considerando os fatos, me recordo com muitas saudades os tempos de criança, principalmente aqueles ocorridos nos anos do grupo escolar. A gente tinha lá meia dúzia de amigos, os quais eram leais, em quaisquer circunstâncias, ninguém deixava o outro em nenhuma “furada”. Quando a gente ia para a Diretoria, por alguma arte praticada, todos iam juntos, pois a Direção não sabia quem era o autor da arte. E, lá todos agüentavam a barra e, nenhum afinava ou delatava. Éramos verdadeiros amigos.   Só para ilustrar o quão longe ficou o significado da expressão “amigo”, listaremos frases famosas enaltecendo a grandeza do verdadeiro amigo, a saber:  “a infelicidade tem isto de bom: faz-nos conhecer os verdadeiros amigos – Honoré de Balzac”, “onde quer que nos encontremos, são os nossos amigos que constituem o nosso mundo – Willian James”, “amigo é coisa para se guardar no peito – Samuel Rezende”, “se você precisar de mim, nem precisa me procurar… me procure sem pensar – Evelin”, “amigo é aquele que não nos deixa experimentar a solidão – Chico Xavier”. Necessariamente, é claro como a água da fonte que amigo é jóia rara, por isso que quem tem deve preservar, uma vez que na pior das hipóteses ele pode ter até quatro patas. Quem sabe.