Eu, não sei porque, aliás, uma maioria quase que absoluta também não sabe, como o Natal tem uma inebriante condição de nos levar a sentimentos e sensações, as quais se misturam com emoções que nos proporcionam momentos impares de harmonia e amor. Dificilmente dá para explicar como espiritualmente viajamos para lugares jamais vistos, transportando-nos para posturas de esperança e de fé no futuro, é realmente indescritível. A sensação obtida nestes momentos é de que tudo é maravilhoso e, que somos todos irmãos, não havendo nenhum sentimento controvertido, ou seja, a inveja, o ódio, o racismo, o preconceito e, outros mais, não existem, somos puros e merecedores das graças divinas de Deus. Embora, o que mais nos entristece é que tais sentimentos são efêmeros, uma vez que na correria de nosso dia a dia são sempre relegados a planos inferiores, ou seja, não são mais praticados. E, de maneira gradativa, os temerosos adjetivos, ou seja, racismos, preconceitos, invejas, ódios e, outros mais, começam a retornar a nossa vidinha, até que chegue o outro Natal. Observando e vivendo esta realidade momentânea do Natal, onde o desejo de acolher o outro e solidarizar-se com aqueles, cujas realidades são bem diferenciadas das nossas, se faz evidente dentro de nós. Levados, por essa ternura, tornamo-nos mais sensíveis para compreender as dores opostas. Na verdade, estas passagens nos oferecem chances inéditas vindas de Deus, uma vez que, condicionados neste espírito natalino, o coração fica muito mais receptivo e aberto para receber e externar sentimentos. Extemporaneamente, podemos aproveitar a deixa do momento para elaborar planos, pensar no monte de coisas que ficaram para trás e, não foram realizadas devido, muitas das vezes, pela nossa inércia. Por outro lado, sabemos também que nem tudo é espírito natalino, pois existem muitos daqueles que não procuram viver a comunidade da partilha e, se dispersam por motivos outros. No intuito único e exclusivo, de demonstrar através de uma comparação, podemos destacar de que nem todos vivem as glórias do Natal. Para tanto, podemos fazer uma viagem no tempo e, lá podemos imaginar, claramente, como poderia ser a noite de Natal dentro de um presídio, o que será que acontece! Alguns rezam! Outros choram, pensando na família! Outros imaginam o porquê de estarem ali! E, outros, às vezes, não sabem que é Natal. Pô gente, é sumamente difícil até de imaginar, mas, infelizmente, eles estão mesmo lá. Vamos para os asilos, cujo nome, recentemente, foi mudado para Casa de Repouso, no intuito apenas de amenizar a dor de se precisar estar lá. Mas, continua sendo asilo, pois, a solidão ainda é amiga íntima dos hóspedes de lá. Podemos falar também dos dependentes químicos, população de gente nova, a maioria com menos de vinte anos, onde será que anda o espírito de Natal para estes infelizes derrotados. Queridos irmãos, se formos ficar enumerando as tristezas e mazelas do mundo, é possível que o espaço disponível seria insuficiente. Uma vez que mesmo que quiséssemos não teríamos condições de acabar com todos os males do mundo, isto, seria praticamente impossível. Todavia, cremos que é possível praticar a generosidade sem precisarmos de dinheiro para tal. Basta a nossa disposição, para querer ajudar, podemos doar graciosamente o nosso carinho, a nossa atenção e, o nosso respeito. Obviamente, não vamos salvar todos, mas, podemos ser a diferença para alguns e, são de gestos assim aonde residem o espírito natalino. Outrossim, seria um sonho, porém, seria uma graça divina, que tais sentimentos disponíveis nesta época, bem que, poderiam perdurar pelo ano inteiro. Um feliz e santo Natal a todos, são os nossos votos.
Arquimedes Neves – Nei
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