Era para ontem.

Antigamente, há pelo menos uns 60 anos atrás, as coisas nunca eram resolvidas pela metade, sempre eram por inteiro, não existia solução paliativa e, nem manutenção preventiva. Apenas querendo dar um exemplo simples de algumas soluções, podemos citar que quando se ia ao dentista, devido uma dor de dente, resolvia-se na hora, uma vez que o dente incomodativo era extraído, sem dó e nem piedade. Pronto, o problema estava resolvido definitivamente, jamais aquele dente iria incomodar. A minha constatação se refere em comparação aos dias atuais, haja vista que exemplificamos com a extração do dente para sanar de vez o problema, é para se destacar que naqueles tempos era “oito ou oitenta”, não havia remediação intermediária para estender os resultados, afim de ganhar tempo em propositais enrolação dos assuntos. Portanto, é lógico que as atuais disponibilidades técnicas e profissionais odontológicas estão bem aparelhadas e com recursos suficientes para um atendimento de classe “A”. Quando uma mãe, um pai, um parente, ou uma outra pessoa mais idosa, pedia a uma criança, ou a um adolescente para pegar ou buscar alguma coisa, sabia-se que antes do pedido ser finalizado, o solicitado já estava à disposição de quem o necessitasse. É óbvio, que existe um certo exagero na nossa narrativa, todavia, não havia discussão, pois, o subordinado sabia que os pedidos sempre “eram para ontem”. E, demais a mais, naqueles tempos para facilitar a condução da família, a educação e o respeito dos mais novos para com os mais idosos era de fundamental importância. Tanto é verdade que, tudo que se referia a estes dois comportamentos (educação e respeito) era vivenciado sistematicamente no dia a dia, ninguém se esquecia. Aliás, quando alguém “pisasse na bola”, a réplica do resultado era imediata, ou, era uma admoestação forte, ou seria alguns “pedala Robinho”, acompanhado, logicamente, de algum castigo. Portanto, a regra de que tudo “era para ontem”, se fazia presente de imediato e, tudo caminhava corretamente. Inclusive, é bom que se frise de que nenhum dos nossos amigos daquela saudosa época, precisou de acompanhamento psicológico para moldar suas personalidades. Muito pelo contrário, vivíamos muito felizes dentro daqueles padrões de educação e respeito, pois, a família era, simplesmente, o marco principal da formação da sociedade.  E, só para exemplificar os modelos de formação diferentes entre uma e outra época, podemos voltar para os dias atuais e, aproveitando vou contar um fato real, acontecido comigo. Uma de minhas filhas precisou sair uma noite e, tinha reunião na escola de meu neto e, me pediu que fosse à reunião para representá-la. Lá na escola, durante a reunião em que foram tratadas várias banalidades, a que mais apreciei foi a de uma mãe que reclamou com a professora o seguinte: Olha professora, a minha filha ficou triste em casa um dia destes e, perguntei a ela o que estava acontecendo: “ela falou que senhora outro dia em aula não deu atenção a ela”. Gente, sem comentários. Caros amigos leitores, convenhamos e, vocês vão, certamente, concordar comigo de que estamos criando verdadeiros monstrinhos, ou não?  Ai que saudades dos tempos de que tudo “era para ontem” e, a educação e o respeito eram condições “sine qua non”, ou seja, as mesmas eram imprescindíveis para administração da família e da sociedade.

Arquimedes Neves – Nei

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