Na verdade, a culpa é sempre do outro

Eu, tenho sempre a nítida impressão, de que, dificilmente, se vai descobrir de quem realmente é a culpa. Isto, vale para todas as situações, onde necessário se faz apontar o dono da arte, isto é, o culpado. Todavia, é preciso também admitir que em raríssimas exceções, aparece um “cheio de graça” que admite ser o culpado. Aliás, essa é uma constante dominante e, um exemplo forte desta afirmação, podemos citar que se formos perguntar aos presos de um determinado presídio, quem é inocente ou culpado, certamente, todas as respostas serão, sem dúvida alguma, de que são inocentes. A culpa é da sociedade, do governo, da falta de oportunidade, dos pais, enfim de todos nós, menos deles, pois não assumem suas fraquezas e covardias. Outro exemplo gritante, refere-se a população escolar, pois, quando vemos crianças mal criadas, sem educação, obviamente, a culpa seria dos pais. Porém, de uma maneira mais frívola possível, os ditos cujos genitores, jogam a culpa sobre a escola, sobre os professores e, até na própria sociedade, menos neles, não são capazes de assumirem a própria incompetência. Num time de futebol, quando perde uma partida, por deficiência técnica, na hora da coletiva à imprensa, o técnico apresenta uma enorme lista de tudo aquilo que atrapalhou o desempenho da equipe. Isto é, joga a culpa no árbitro, na grama do campo, na chuva inesperada, na bola que estava um pouco murcha e, até na torcida, menos na sua incompetência, não assume. Um cursinho preparatório para concursos, tendo uma porcentagem significativa de reprovações, culpa diretamente os participantes por não terem se empenhados devidamente. Todavia, jamais admite as deficiências didáticas e pedagógicas da instituição, não assume e nem admite a possível fragilidade dos métodos aplicados. Um político em atividade, não cumpre nenhuma das promessas feitas e, infelizmente, na maioria dos casos, administra pessimamente os programas estabelecidos em favor da comunidade. E, como é o seu papel, cinicamente, transfere as responsabilidades para o próprio sistema, para as burocracias e, alega também a incompreensão da população, que não compreende as dificuldades que tem para atender todas as demandas que sobrecarregam a sua agenda. Não admite em hipótese alguma sua incapacidade, sua falta de honestidade e demais virtudes ausentes. Desoladamente, devemos sempre nos lembrar que em todas tragédias, nos descabelamos, criamos mil interrogações e, depois que as coisas vão se esfriando, ficamos sempre com um montão de desculpas, desde as mais pequeninas até as grandonas, de que não houve culpa aparente, foi apenas um conjunto de acontecimentos que não deram certo, só isso. E, por falar nisso, a tragédia do colégio de Suzano/SP de quem foi a culpa. Será que foi dos meninos infratores? Ficou, claro também que não, pois, eles não assumiram, se mataram antes.  Mais uma vez, fica-nos bem evidente de que o universo de inocentes é muito vasto e infinito, porque, na verdade, ninguém assume nada mesmo, o culpado sempre é o outro. Tchau.

Arquimedes Neves – Nei