Não sei porque, mas, pode até parecer saudosismo, no entanto, bons tempos aqueles em que havia respeito originário, ou seja, vinha do berço. Me lembro bem que os pequenos não tinham a menor chance de interferir na conversa dos mais velhos. E, caso isso ocorresse, a psicóloga da época era uma cinta, um chinelo ou, na pior das hipóteses uma vassoura destas tipo caipira mesmo. Alguém, hoje pode pensar, “nossa que violência”, todavia, podemos afirmar, sem nenhum medo de errar, que tudo corria às mil maravilhas para ambas as partes. Haja vista que, nunca tivemos notícias de que alguém tivesse tido problemas de desajustes de comportamentos por caso do tratamento um tanto mais severo com relação a educação dos filhos. Hoje em dia, em qualquer lugar que a gente vai é destacado o número elevado de atos de falta de educação, na rua, nas praças, nos cinemas, nos campos esportivos, nas casas, nas escolas. Enfim, o seu alastramento foi danosamente inconsequente, chegando ao ponto de não se respeitar mais até nos templos religiosos e, nos velórios, onde a dor e a tristeza deveria ser o ambiente dominante, infelizmente, é um barulhão ensurdecedor. A falta de educação se faz tão presente, com tanto ênfase, que tempos atrás o próprio governo, fez publicar uma Lei Federal, que recebeu o número 10.048/00 de 08/11/2.000. Lei esta que obrigou a todos os estabelecimentos de atendimento público, ou seja, bancos, bilheterias, e, quaisquer outros tipos de atendimentos que provoquem filas ou incômodos. Para atender em regime prioritário, os idosos, grávidas, pessoas com crianças de colo, cadeirantes e deficientes físicos. Interessante que mesmo assim, em algumas oportunidades, observa-se espertinhos, querendo burlar a lei, colocando os contemplados em segundo plano. E, como não poderia deixar de ser, lembrei-me de uma estorinha, oportuna para o momento, que diz, mais ou menos assim: “nos anos cinquenta, um cidadão foi preso e, teria que cumprir trinta anos de prisão. Porém, oportunamente, quando lá estava já por vinte e cinco anos, surgir-lhe uma chance e o mesmo fugiu. Foi um grande alarido na época e, por conta disso, armou-se um verdadeiro exército de agentes policiais para capturá-lo, pois, a solução do fato era uma questão de honra para o governo. E, o fugitivo embora, magistralmente disfarçado, foi preso dentro de um ônibus circular lotado de passageiros, por um agente muito observador. Na Delegacia, os repórteres e as autoridades policiais, queriam saber do agente como ele conseguiu identificar precisamente o fugitivo. E, consequentemente, prendê-lo, sem nenhum alarde, pacificamente, inclusive, sem colocar nenhum dos passageiros em risco de vida, aliás, alguns nem viram o que realmente estava acontecendo. O agente explicou que viu dentro do ônibus entrar uma senhora grávida e ser gentilmente acomodada por alguém que se levantou do lugar e cedeu-o a ela. Logo imaginou que tal gesto era próprio de uma pessoa que estava há muito tempo fora do convívio da sociedade. Daí, deduziu ser ele o fugitivo e, não deu outra.” Considerando está hipotética estória, verifica-se que estamos na era do quanto mais sem educação e atrevido for a pessoa, sempre sai levando vantagens. No entanto, os demais, ou seja, os pobres mortais que labutam todos os dias para um futuro melhor, cada vez mais se frustram. E, se sentem numa terra que inicialmente era de Santa Cruz, agora anda, tropegamente, sem identidade, pobre Brasil. Inobstante tudo isso, ainda continuamos vendo com os olhos cansados, lá no fim do túnel, uma pequena luzinha, mais para apagar do que clarear. Porém, com a crença de um povo lutador e crédulo na virtuosidade do ser humano, ainda, podemos reverter o jogo. Basta que deixemos de criar reizinhos sem reinados e, adotemos como regra o amor exigente, para que possamos num futuro não muito distante voltarmos a sorrir pela conquista de sermos novamente um povo bem educado. Que Deus nos ouça. Amém.
Arquimedes Neves – Nei
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