Semana próxima passada, me encontrei com um padre muito amigo meu, o qual me contava que estava um tanto quanto preocupado, isto porque, o número de visitas para doentes está aumentando com uma velocidade um pouco acima do normal. E, nessa situação preocupante, chegou a perguntar a mim, o que realmente estava acontecendo. Daí, fomos como é bastante natural, observando que diante do fato constatado, estava crescendo também, por consequência, um grande vazio, onde não estávamos vendo possibilidades de controlar. Naquilo, fomos por curiosidade, talvez, enumerando todos aqueles que conhecíamos e, que estavam doentes, sendo que nesta nossa relação não consideramos os que precocemente já nos deixaram. E, obviamente disso tudo, nos restou um grande vazio, devido ao quadro apresentado, fomos acometidos de uma impotência de ação específica, pois, não podíamos fazer nada, apenas confortar. Portanto, fomos pensando em quais possibilidades podíamos nos apoiar, para pelo menos dar uma resposta ao fato e, achamos que os agrotóxicos aplicados indiscriminadamente nos produtos agrícolas, poderia ser um dos motivos do aceleramento de doenças nas pessoas. Creditamos também, por outro lado, a forma desregrada com que os jovens estão vivendo, lotando de maneira estúpida as instituições de recuperação sobre drogas e alcoolismo. As quais, na maioria das vezes, extravasam o limite permitido de lotação do ambiente, provocando assim, atendimento precário e, aquém daquele que no mínimo deveria estar adequado. Expomos também a ausência de uma medicina preventiva, onde por costumes, aliás, péssimos, deixamos de fazer visitas periódicas ao médico e, mesmo quando temos algum incômodo fazemos resistência infantil para não ir. Falamos também do abandono pelo governo da saúde pública. E, aproveitamos também para falar sobre a presteza e a rapidez com que políticos cuidam e resolvem os seus problemas particulares e, normalmente não têm o mesmo cuidado com as coisas que dizem respeito a nós pobres mortais. Exemplo mais recente vimos a “greve dos caminhoneiros” se alastrar por mais de duas semanas, causando um caos geral em toda a nação. Aproveitamos a oportunidade para falar também que quando se trata de resolver coisas públicas para o povo, vimos que os políticos falam demais, muitas reuniões, fazem de menos, aliás, sempre como uma rotina o povo fica nas saudades. Como não poderia deixar de ser, falamos da escola pública, principalmente o primário que deixa muito a desejar, falta tudo, a direção e os mestres com muita abnegação e dedicação se esforçam, porém, o governo sempre vira as costas, salários sofríveis e, muitas dependências inconsequentes. Falamos da divisão demográfica injusta e interesseira, onde os estados do norte e nordeste têm falta de tudo, principalmente, de profissionais liberais qualificados, médicos, engenheiros, enfermeiros, professores e demais outros necessários. Falamos dos hospitais, reflexo de uma política retrógada, onde os objetivos acabam sendo outros, tais como, instalações suntuosas, deixando a deixar no atendimento à população, principalmente aquela mais carente. Tanto é verdade que até o homem de Deus, nos disse que está carregando consigo um grande vazio. A ponto de considerar esta preocupação uma constante eterna, devido a dureza do coração dos homens, principalmente dos políticos. E, para compensar esta ausência material do Estado, nós devemos nos cuidar mais entre si e, estender esse carinho àqueles que são acometidos de um mal maior. Isto por que, é sabido por todos nós que em situações precárias, principalmente de saúde, o carinho, a atenção e o amor são confortos importantes na recuperação e, se não, com certeza, atuam como bálsamo de esperança e resignação para suportar o sofrimento. Todavia, a gente não sabe a razão do nosso distanciamento um dos outros, pois, o fato é que é muito simples e fácil nos dispor a isso, basta abrir o coração, pois, afinal das contas somos todos irmãos. Acontece que a nossa cabeça dura, demora muito para cair a ficha, uma vez que sabemos, mas, teimamos em não ver, pois, consequentemente, é sempre um dia atrás do outro. E, nesta enorme roda gigante, que é a vida, têm vezes que estamos em cima e, têm muitas das vezes que estamos em baixo, portanto, é como se fosse o reverso da medalha, ou seja, amanhã poderá ser um de nós o paciente e, aí o grande vazio pode virar um enorme labirinto, escuro e sem retorno. Bem que nestes momentos sombrios, a gente bem que gostaria que uma figura amiga viesse nos visitar, nem que fosse só para fazer uma simples companhia. E, o padre meu amigo, num sinal de concordância de tudo aquilo falamos, se despediu e disse: “ganhei o dia hoje, obrigado meu Deus e, eu também num sinal de satisfação, disse: e, eu ganhei muito mais, obrigado padre e, obrigado Deus.” Tchau.
Arquimedes Neves – Nei
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