O perdão

Nos dias de hoje, muitas palavras e o próprio significado delas, ficaram no decorrer dos tempos bastante banalizados, como exemplo, podemos considerar o gesto do perdão, as vezes, usado de maneira jocosa, sem ter o seu verdadeiro sentido aplicado. Portanto, o perdão na própria essência dos sentimentos, tem um significado majestoso, acima de qualquer qualificação. Isto porque quando ocorre esta dádiva ofertada a alguém que nos ofendeu, é como se o céu se abrisse e, pudéssemos sentir as delícias do paraíso. Interessante que sempre achamos que o perdão alivia o perdoado, mas é um engano terrível, haja vista que quando se perdoa é o ofendido que sente o coração bem leve e gostoso. Normalmente, há dentro de todos nós a preservação, muitas das vezes excessiva, do nosso ego, onde, alguns precisam constantemente de manter o dito cujo em alta. Isto posto, tal postura, acreditamos ser um detalhe humano negativo que, normalmente, atrapalha os reatamentos. Pois, é fato também que, a pessoa ofendida sempre pensa no seu ofensor com ódio, ela quer com todas as forças que lhe permita, a vingança. Não vê outra maneira de se sentir falsamente aliviada e feliz, aliás, é um ledo engano, isto porque a felicidade reside no perdão e, não na raiva e no ódio. Por outro lado, existem muitas pessoas que, hipocritamente, acham que não tem nada a perdoar. Imaginem só que imperdoável desatino afirmar uma inconsequência desta, fique atento para não ser petulante a tal ponto. Às vezes, esta atitude pode ocorrer, pois, a medida que o tempo passa, vamos nos esquecendo das coisas. E, pode ser até por uma questão de comodismo, considerando que é muito mais fácil esquecer uma ofensa feita do que perdoar. Inclusive, é muito importante lembrar de que quando somos depositários de coisas ruins, a raiva, por exemplo, logicamente, estamos broqueados, sem condições de perdoar. Desta forma, quando sentimos raiva de alguém por nos ter ofendido é para nós que está sendo irradiado todo fel emanado desta condição. Por consequência, somos nós os ofendidos que estamos sendo contaminados, somos nós que estamos passando mal e, isso a gente não percebe. Por conseguinte, naquele período de possessão demoníaca, o que queremos com um ardor incontrolável é fazer vingança. Ver com nossos próprios olhos o nosso ofensor debaixo de nossos pés, enganosamente, parece que isso nos aliviaria. Infelizmente, este sentimento vingativo parece estar inerente na maioria de nós, pois, a nossa resistência em perdoar está diretamente ligada ao desejo de que o ofensor passe pelos mesmos momentos que passamos. Sinta na carne as idênticas dores que sentimos e, por aí vai uma série de lamúrias, aparentemente, aliviadoras dos sentimentos sofridos por ocasião das ofensas. O que é na verdade um ledo engano, haja vista que quem realmente desata todas as amarras e sentimentos escuros é somente o perdão. Dessa maneira, este ato de pura caridade quando realizado vai permitir-nos a experimentar o gosto adocicado da liberdade. Em vista disso, quando você pratica este generoso ato, com toda a sinceridade possível, vai sentir-se um ser novinho em folha, isto é, com a pureza de um anjo. Sendo que quando você se livra dos sentimentos como ódio, mágoa, rancor, vergonha e demais adjetivos do gênero, você se torna magicamente uma pessoa mais agradável. É como se você tivesse sido tocado por uma varinha mágica de condão, torna-se de repente uma outra pessoa. Mais carinhosa com os semelhantes, mais compreensiva, mais bondosa, mais generosa, de uma forma natural, ou seja, sem nenhum esforço. Será também uma pessoa mais alegre e de bem com a vida e, a sua presença refletirá brilho de confiança e amor, para todos, sem exceção. E, obviamente, a maioria das pessoas irá gostar muito mais de você, a ponto de disputar a sua agradável presença, querendo você sempre por perto. Que beleza. Portanto, no perdão a gente se liberta e, no ódio a gente se aprisiona. E, então, qual vai ser?

Arquimedes Neves – Nei

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