Paixão de Cristo

Há pelo menos dois milênios atrás o mundo católico se emociona ainda com a lembrança do Salvador que, particularmente, pela sua crucificação que se deixou acontecer para nos salvar. Portanto, toda preparação desta data vem acontecendo durante a quaresma, que são os quarenta dias de oração e expectativa para adorar e aproveitar a bondade divina que sempre se dispôs as nossas dificuldades e lamentações. É neste dia especial, Sexta-Feira da Paixão, que vamos adorar, refletir e, aproveitar para sedimentar a conversão que muitos de nós nos propusemos para sermos melhores, principalmente com os nossos semelhantes. O dia em si é mesmo de bastante reflexão, pois, só a crucificação não foi o bastante, devemos também considerar o flagelo que o Cristo sofreu. Haja vista que, desde sua prisão pelos soldados do pretório romano sofreu a dor do corpo totalmente martirizado, sem dó e piedade. Além disso, a humilhação chegou ao extremo que um ser humano comum pudesse aguentar e, suportou tudo pensando unicamente em nos salvar. Tal episódio para nós tem que ficar indelevelmente marcado na nossa consciência, com um significado ímpar, tanto é verdade que a nossa gratidão teria e tem que ser de prostração diante do Senhor. Uma vez que, durante estes séculos todos vividos nestas lembranças, nunca surgiu alguém que tenha se doado tanto como Cristo se doou a nós. Portanto, queridos fiéis, a data de hoje nada mais é para nós, do que uma oportunidade única, para refletirmos na intimidade com Jesus, afim de sabermos se valeu a pena Ele ter se sacrificado por nós. E, qual está sendo a nossa correspondência por este ato. Na lógica dos acontecimentos, pensando bem não temos, aliás, capacidade para entender por que o Cristo, fez este grande sacrifício, entregando-se por inteiro numa empreitada de salvamento a uma humanidade decadente e, acima de tudo incrédula. Há de se convir também que a humanidade da época de Cristo deixou muito a desejar, pois, apegados que eram a dogmas carregados de tabus, consideravam que o Salvador do mundo, viria como um grande rei. Montado em um cavalo fogoso no comando de um exército imbatível, para dizimar todos os inimigos de Israel e, assim seria a glória total. Porém, Deus em sua infinita sabedoria mandou seu filho único apenas para nos salvar. E, para tanto, enviou-O pobre, despido de quaisquer ostentações, nascido no seio de uma família humilde, simples e sem nenhum atrativo ou expoente social. Era apenas um ser qualquer aos olhos da comunidade. E, é fato também que por caso disso, Jesus foi por muitas vezes desacreditado pelo povo, não concebiam de que um filho de uma família simples de Nazaré, pudesse ser o rei dos reis. Na verdade, essa era a intenção de Deus, pois, a aceitação de seu filho, estava condicionada apenas pela fé, destituída de qualquer obrigação aparente. Em vista disso queridos irmãos, é sumamente importante afirmar a necessidade da vivência e lembrança da Sexta-Feira da Paixão, onde devemos em apenas uma hora que for, fazermos um profundo exame de consciência para sentir como está o nosso relacionamento com Cristo. Nesta hora, é preciso despojar-se de tudo, entrar no íntimo de nós, para que possamos saber com clareza se valeu ou não o sacrifício de Jesus para conosco. Aí, certamente, está o verdadeiro significado da Sexta-Feira da Paixão, que é compreender o âmago da questão, ou seja, a crucificação do Senhor, foi válida ou apenas foi um teatro. No entanto, vemos com muita frequência que nesta data muitos entendem que devem descansar o corpo e, transformam a data num feriado qualquer. E, deslavadamente, colocam em primeiro lugar o lazer, a diversão e, tudo que se tiver direito sobre o descanso da matéria. E, independente de todo esse nosso desprezo, Cristo na sua infinita bondade nos mostra pela cruz que está sempre de braços abertos para nos receber, pois, Ele mostra definitivamente que é nosso Pai. Basta, portanto, que a gente desvire as costas e, vá ao seu encontro, é certo e cristalino que Jesus lhe dará um grande abraço e o acolherá com imensa alegria. Experimente, pois, nunca é tarde para voltar a casa do Pai.

Arquimedes Neves – Nei

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