Interessante que se a gente ficar parado, com certeza, perdemos alguma coisa. Porém, se a gente correr demais, corremos o risco de deixar alguma coisa importante para trás. É como diz o velho ditado “se ficar o bicho come e, se correr o bicho pega”. E, aí como ficamos? É como se ficássemos numa sinuca de bico, ou seja, sem saída. Já imaginaram quantas e quantas vezes já ficamos sem saída em algum momento de nossas vidas? Se cada um for fazer uma retrospectiva verificará que o fato pode não ser comum, mas que já aconteceu isto não há dúvidas. Todavia, poucos se dão ao trabalho de analisar o porquê isto ocorre e, cegamente continuam repetindo os mesmos erros. No entanto, muitas das coisas nos acontecem devido à falta de tolerância, somos precipitadamente exigentes mais com os outros do que com nós mesmos. Daí que, na maioria das vezes criticamos e exigimos muito daqueles que nos são caros, principalmente o mais próximos. Somente para ilustração do fato, li certa vez numa revista cristã uma historinha interessante sobre o valor da tolerância e, que falava mais ou menos assim: “um menino muito esperto, observou que certo dia sua mãe, ao colocar o reforçado café da tarde, eles não jantavam, além das guloseimas, colocou diante de seu pai, um prato cheio de torradas muito queimadas. O menino ficou observando se alguém iria comentar alguma coisa sobre o fato. Para sua surpresa, o pai passou calmamente manteiga em algumas torradas e as comeu sem nenhum tipo de comentário. Mais tarde quando o menino foi dormir, abraçou o pai e o beijou perguntando. O senhor gostou mesmo daquelas torradas? O pai aconchegou bem o filho entre os braços e, disse-lhe: filho, sua mãe teve hoje um dia de trabalho muito pesado e, está realmente muito cansada. Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. Ela ainda tem muito crédito com nós.” A prática do reconhecimento dos esforços alheios contribui literalmente para o exercício da tolerância. No entanto, em contra partida, o agito desse mundo conturbado tem precipitado celeremente o estresse global. Conseqüentemente, nesta correria toda, o destaque maior fica, sem dúvida alguma, para a intolerância, irmã bastarda da tolerância. Basta ver as nossas reações cotidianas, onde os nervos ficam visivelmente a flor da pele, não temos paciência com nada, falamos mal nas filas, reclamamos no trânsito, desesperamos nas portarias dos hospitais, somos incoerentes e exasperados nas reuniões de pais e mestres. É melhor parar por aqui, pois, a lista é interminável. E, para citar o cúmulo dos cúmulos, somos excessivamente intolerantes e impacientes com os nossos velhos, chegando ao ponto de os tratarmos com se fossem totalmente descartáveis. A bem da verdade a maioria de nós, por esquecimento ou por conveniência, esquece que a vida é cheia de imperfeições e que as pessoas, sem nenhuma exceção, não são perfeitas. Portanto, ninguém é melhor do que ninguém, isto posto, seria de todo conveniente que a gente fizesse com freqüência a prática do exercício da empatia, ou seja, colocar-se sempre no lugar do outro. Desta forma, a gente teria a oportunidade de verificar se aquilo que estamos fazendo a alguém é bom ou não. De certa forma, a vida não deixa de ser uma permanente troca de figurinhas, eu aprendo com você uma determinada coisa e, por outro lado, você aprende comigo outra coisa, numa constante transferência de conhecimentos. Assim é que à medida que você se isola e se distancia das pessoas, obviamente surge outro homem, arrogante, intolerante e, subjetivamente um soberano sem trono e nem coroa. Considerando que na vida existe hora para tudo, será que não seria um bom momento para se comer umas torradas bem queimadas, sem reclamar, somente para pensar.