Trote

Antigamente, a partir dos cursos médios, os calouros sofriam por parte dos veteranos as zombarias naturais de recepção, as quais chamavam de “trote”. Que consistia no ato de entrosar o aluno novo com a escola e, com os que lá já estavam, os quais, também no início foram calouros. A brincadeira com o passar dos tempos foi-se tornando agressiva e até por que não dizer violenta o que exigiu das autoridades escolares e, também da sociedade, medidas mais severas para coibir os abusos. Portanto, o que era tido como uma simples brincadeira de acolhida passou a ser vista como um desserviço, uma vez que nada trazia de útil para ninguém, só, aborrecimentos e humilhações. Mediante esse quadro de atos de vandalismo e de situações deprimentes em que eram colocados os calouros, a própria sociedade começou a antagonizar tais procedimentos. O velho Aurélio, aquele do dicionário, define também outro tipo de trote, mais propriamente conhecida como indiscrição, ou seja, praticada pelo telefone. Sobre essa atitude inescrupulosa, praticada por pessoas, as quais classificariam como portadoras de desvio de personalidade, uma vez que esse ato é próprio daqueles que certamente são doentes da cabeça. Todo o santo dia estamos vendo e lendo nos periódicos o clamor das autoridades relacionadas, onde o número de trotes ultrapassa as raias da tolerância normal. Uma vez que os mesmos além de causarem prejuízos ao erário público e particular, trazem as piores conseqüências ao atendimento daqueles que realmente necessitam. Já imaginaram uma corporação completa de bombeiros atravessando a cidade, enfrentando todos os contratempos que isso requer e, ao chegar ao local solicitado ver que se tratava simplesmente de um trote. Além de ser frustrante, com certeza, abaixa sensivelmente a moral do pessoal. E, se no mesmo tempo do outro lado, há uma ocorrência verdadeira, onde o atendimento por certo será atrasado em vista da ocupação do socorro imaginário. Sem sombras de dúvidas, as conseqüências serão danosas e onerosas, devido à inconseqüente atitude de pessoas de coração peludo. Quantas vezes as ambulâncias saem em debeladas carreiras para atender um desastre, de proporções horrorosas, conforme o relato do pedido e, quando chegam, deparam com uma grande decepção, pois, se tratava de um miserável trote. Com isso, outros atendimentos serão terrivelmente prejudicados, quem sabe alguém falece motivado pelo atendimento tardio e, que se não fosse pessoas desalmadas, poderia, ter tido melhor sorte. Infelizmente, até a polícia é alvo destes marginais, acreditem que provocam o deslocamento da unidade móvel, sobre o pretexto de ter havido alguma briga, normalmente em bairros distantes onde o atendimento é mais difícil. Parece até que para esses elementos quanto mais dificuldades os agentes tenham para atender a ocorrência, sentem-se mais agraciados com suas atitudes impensadas e maléficas para toda a sociedade. E, o pior de tudo é que mesmo se os agentes públicos sentirem que o chamado possa ser um trote, não podem de formar alguma deixar de atender, haja vista que é inadmissível correr-se o risco da adivinhação. Além desses trotes de proporções maiores, temos também aqueles em que determinados idiotas resolvem altas horas da noite tocar campainhas das residências e, em seguida irem embora, só para incomodar. Ou, em outras ocasiões tocar o telefone em escolha aleatória na lista, perguntar se é da casa do fulano ou do beltrano e, normalmente estas chamadas deixam antes do atendimento a pessoa que vai atender muito aflitiva, pois, telefonema fora de hora, geralmente não é boa notícia. Enfim, pensando bem todas essas atividades desagradáveis acabam sendo incontroláveis, uma vez que a mente humana infelizmente é sujeita a chuvas e trovoadas, portanto, não se pode esperar muita coisa boa de determinadas pessoas. Todavia, é correto dizer que tudo é uma questão de berço, ou seja, a criação é um fator sumamente importante no desenvolvimento da pessoa. Queremos crer que dificilmente alguém de boa formação se daria ao capricho de passar um trote, uma vez que sabe de antemão quão danoso é o resultado de tal atitude. É como dizem: “trote seria bom, só se fosse só do cavalo”, infelizmente, alguns outros animais racionais não troteiam, apenas trapaceiam.