Dia destes com o dedo no botão de controle da televisão, deparei num canal uma discussão sobre a sinceridade. No entanto, não se tratava da sinceridade sobre relacionamento entre casais, mas sim do cotidiano, onde a farsa predomina em busca de vantagens não merecidas. A discussão, obviamente, versava sobre a falta de atitude das pessoas diante de fatos que se houvesse uma postura sincera, a questão em discussão seria facilmente resolvida, com o posicionamento do “mea culpa” do autor da façanha. Interessante que esta afirmativa é tão verdadeira que temos exemplos mil sobre tal postura de não ser sincero. E, só para exemplificar podemos citar aqueles que estão cumprindo penas, nos presídios, se formos inquiri-los, fatalmente, com raríssimas exceções vamos encontrar algum que se denuncie culpado. No caso, a maioria absoluta vai responder, “sou inocente”, ninguém tem a sinceridade de dizer: eu matei, eu roubei, eu estuprei, eu espanquei a minha mulher, enfim todas as mazelas existentes neste mundo cruel. Desde modo, conforme o desenrolar da discussão que presenciava na TV, verificava-se, claramente, que a ausência da sinceridade provocava insatisfação e, que os resultados esperados se distanciavam celeremente da paz desejada. Na verdade, numa análise pura e simples é certo que há uma tendência muito acentuada em que nos vemos sempre num primeiro momento o impulso da negação. Não se sabe se essa atitude é originária do medo de assumir responsabilidades ou, por outro lado, pode ser que tenhamos sidos criados assim, portanto, é questão simplesmente de formação educacional. A mim me parece que este termômetro de personalidade, no decorrer dos tempos sofre recaídas, ou melhor, altos e baixos. E, a propósito, nos tempos atuais, este quesito está em baixa, ou seja, ninguém assume nada. Se, bem me lembro antigamente as pessoas tinham muito mais sinceridade e, respeitavam o outro, não deixavam, portanto, “a peteca cair”, ou seja, se fizesse algo irregular, assumia imediatamente a paternidade do acontecido. Infelizmente, os tempos são outros e, de lá para cá houve uma regressão moral bastante acentuada, haja vista que hoje os valores são outros. O que antes era totalmente errado passou com o decorrer destas décadas serem aceitos sem muitas relutâncias. A bem da verdade, a conduta de sinceridade era um exponencial de atitude que não se precisava ficar exigindo uns dos outros, era inerente ao comportamento da maioria das pessoas. Apenas para realçar é bom saber que numa relação em que a sinceridade se manifesta graciosamente, os possíveis conflitos têm a duração bastante diminuída, isto por que um dos lados se posicionou como autor do fato discutido. E, em sendo assim, não há porque ficar discutindo coisas que já foram resolvidas e, certamente esse final, só pode ser bom para todos, sem trauma. Infelizmente, por mais que debatamos sobre o assunto, parece-nos que o chamariz da mentira é muito mais atrativo do que o da sinceridade.