Estava eu no velório municipal na terça-feira próxima passada e, infelizmente motivados por trágicos acidentes estavam lá sendo velados os corpos dos jovens que poucas semanas atrás haviam sido vítimas de acidentes de moto. As cenas lá vistas foram de cortar o coração, onde as famílias e amigos não se conformavam com o acontecido. Uma vez que vidas precocemente estavam sendo arrancadas estupidamente de nosso convívio e, lá nas rodinhas os comentários variavam com as mais diversas desculpas. Aliás, sempre achamos desculpas para justificar os nossos erros, pois é bastante comum a alusão simplória de que “se” tivesse feito assim ou assado não teria acontecido. O certo é que a nossa cultura não cultiva a prevenção dos acontecimentos, trabalhamos nos resultados dos fatos já acontecidos e, quando ocorrem fazemos um verdadeiro estardalhaço de que vamos fazer isso ou aquilo. Todavia, infelizmente, depois de algum tempo, esquecemos tudo voltando à rotina normal e, tornamos a caminhar como se nada tivesse acontecido, até que ocorra outra tragédia a se lamentar. Em cima dessa preocupação, ao sair daquele recinto, para piorar a minha expectativa de mudanças no comportamento do trânsito local, vi com os meus próprios olhos que um cidadão tranquilamente estacionou o seu veículo na entrada do estacionamento interno do velório. O imprudente, conscientemente, bloqueou a entrada de carros no local. Diante deste descaso, inclusive sabendo que não será incomodado, foi que não sei por que me lembrei do policial Parreira. O qual em épocas passadas foi um disciplinador na aplicação das leis de trânsito. Os que se lembram dele sabem do que estou falando, uma vez que para o mesmo não havia nenhum tipo de concessão. Pois, o que o norteava era somente o Código Nacional de Trânsito, portanto, todos tinham que andar na linha, sem opressão e nem abusos, apenas se exigia o correto. Hoje, o disciplinador policial se encontra aposentado e, a nós só nos resta agradecer-lhe os excelentes serviços prestados a comunidade local. A título único e exclusivo de colaboração, em vista do caótico e violento trânsito local, crê-se que a política adotada até agora não tem surtido os efeitos desejados. Uma vez que se está gastando todas as fichas no quesito “conscientização de motoristas e motociclistas”. O que convenhamos é muito pouco, considerando que não existe educação de base necessária para dar consistência a esta motivação. Seguindo este raciocínio, é possível, que se pode estar passando despercebido das autoridades responsáveis pelo trânsito, o papel importantíssimo das Auto-Escolas. Onde as mesmas teriam que obrigatoriamente ter como objetivo principal na formação de seus alunos, a matéria “Direção Defensiva”, mais prática do que teórica. Por outro lado, é bom lembrar que num passado não muito recente, havia por parte dos motociclistas uma relutância muita grande sobre a obrigatoriedade de uso do capacete. E, até então, os registros existentes de acidentes com gravíssimas conseqüências começaram a preocupar as autoridades, tanto pela gravidade quanto pelo número de casos. Em vista disso, resolveu-se intensificar a fiscalização com penalidades altíssimas (multas), daí, o reflexo foi quase que imediato, pois, diminuíram sensivelmente os acidentes e, os usuários de motos se habituaram rapidinho ao uso obrigatório dos capacetes. Final feliz, pois, até hoje não se vê nenhum motociclista sem o equipamento individual de proteção na cabeça, quando em trânsito. Isto posto, acreditamos que seria muito mais coerente que ao invés de usar mais de trinta e cinco por cento do contingente policial para atender ocorrências de acidentes, inverterem os papéis, ou seja, usá-los mais na prevenção, com aplicação das medidas coercitivas legais de que dispomos. Certamente, as questões levantadas não têm o menor propósito de ingerir na gestão da administração pública, pelo contrário, o intuito é colaborar o máximo possível para melhorar a convivência entre as máquinas e as pessoas. O que, aliás, certamente, deve ser o propósito e a intenção geral, ao invés, de ficarmos a mercê de lamentações estúpidas diante de ocorrências lamentáveis, que por inércia, passem a ser consideradas rotineiras e normais. Absurdo.